15.6.10

QUATRO



"Querida Inês ,

não soube bem como tudo isto aconteceu , gostava de poder explicar tudo , de te poder mostrar como não tive culpa , de poder mostrar o quanto sinto a tua falta e o quanto desejava poder estar aí... contigo.
Não sei se estás a ler esta carta , mas se estás , quero que saibas que fiz um esforço enorme para ta conseguir enviar . Por causa da minha mãe , tu sabes o que se passou .
E sabes que foi por causa dela que tudo isto aconteceu . Tudo .
Inês , não tivemos tempo para nos despedirmos , não tive possibilidade nenhuma de te conseguir avisar a minha mãe mudou-me o cartão do telemóvel, e tu sabes da minha dificuldade para decorar coisas.."
- por momentos ri-me , ele tinha uma memória que me divertia, ou pelo menos, costumava divertir. - "Como tal , não decorei o teu número de telemóvel , pois sabia que (antes. antes de tudo isto acontecer) tu me irias ligar , ou que me bastava ir à lista dos contactos ou simplesmente ir a tua casa. Durante estes 2 meses nem consegui racicionar, só pensava em ti, em falar contigo e nem me lembrei que sabia a tua morada por causa da primeira vez que nos vimos , à porta de tua casa. Incrivelmente decorei logo a rua e o número da casa. Jamais me esquecerei daquela tarde.
Talvez não devesse ter escrito esta carta , se calhar queres seguir em frente e provavelmente estás magoada comigo . Mas a culpa não foi minha , as circunstâncias estão sempre contra nós. É incrível , não achas Inês ?
Nunca dizemos o que queremos , nem o que devíamos dizer. É tudo tão irrelevante agora.
Se soubesses o quanto preciso de ti . A banalidade em que a minha vida se tornou.
Provavelmente seguiste em frente, portanto vou parar a carta por aqui .
Minha Inês , responde-me por favor . Diz-me se é tarde demais . Odeio estas probabilidades , tu sabes que sim e sabes o quanto elas estão sempre contra nós .

"Desde sempre ,
Diego
."

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